EFECTIVOS DAS FAA FORAM ENCHER O COMÍCIO DO MPLA

No dia 23 de Abril, aconteceu o acto de massas da campanha do MPLA em Cabinda. João Lourenço colocou, nesse dia o casaco de Presidente do MPLA para captar a benevolência da população cabindense, tendo em conta as eleições de Agosto de 2022.

Por Raul Tati

Verdade seja dita, a sua deslocação a Cabinda teve mesmo como escopo principal arrancar o apoio dos cabindenses para a sua reeleição, tendo em conta toda a operação de charme e marketing e o excessivo tempo de propaganda que está a ocupar nos órgãos de comunicação social públicos ao serviço do MPLA.

Os recursos do Estado continuam teimosamente a ser usados para apoiar o líder do MPLA.

Entretanto, recebi uma denúncia de que os efectivos das FAA estacionados em Cabinda foram seleccionados nos quartéis para reforçarem a moldura humana no comício realizado no dia 23.04.22.

Para o efeito foram distribuídas camisolas e bonés do partido MPLA e devidamente instruídos sobre a postura que tinham de exibir, fazendo-se passar pela população de Cabinda.

Assim quando as TPA’s fizerem passar as imagens os telespectadores foram enganados e levados a acreditar que o candidato do MPLA teve muito apoio em Cabinda e que o desafio político nestas paragens está ganho.

Isso chama-se manipulação das mentes! É uma táctica frequente deste regime. Em 1992, o candidato do MPLA, JES foi recebido em Cabinda para a campanha eleitoral por efectivos militares disfarçados de civis. Assim voltou a acontecer em 2012 no estádio do Itafi.

Em 2017 o comício de JLo em Cabinda contou também com milhares de efectivos das FAA sempre disfarçados. Nos quartéis a ordem superior é que a tropa tem de apoiar o Comandante-em-Chefe. E este é também o líder do MPLA. E assim tem de ser nos pleitos eleitorais.

Essas práticas contrariam de forma flagrante as disposições constitucionais sobre o carácter apartidário das Forças Armadas. Mas essa Constituição é mesmo só para fazer dormir o boi.

O MPLA atropela as leis tranquilamente e sem quaisquer consequências. A partidarização das instituições que deviam ser republicanas é um dos maiores problemas que minam a transparência dos processos eleitorais causando desconfiança e descrédito.

Entretanto, o MPLA, moralista sem moral, levou ao debate no parlamento o tema da transparência do processo eleitoral.

Haja estômago!

Os factos falam por si, mas os senhores deputados situacionistas defenderam a tese de que não se deve questionar as instituições e que é preciso confiar nelas e que a oposição estaria a descredibilizar continuamente as instituições do Estado. Pudera!…

Portanto, o MPLA continua igual a si próprio usando todos os meios possíveis para a sua manutenção no poder.

João Lourenço está desesperado com o segundo mandato, pelo que todos os actos políticos que está a despoletar vão nessa direcção.

Conheço perfeitamente a realidade de Cabinda e não posso deixar de advertir a opinião pública sobre as manobras ardilosas do MPLA face a sua impopularidade em Cabinda. Para além dos efectivos das FAA, foram coagidos os funcionários públicos e os alunos das escolas, disponibilizaram autocarros para transportar populares do interior da província…tudo isso a fim de engalanar hoje de moldura humana o estádio do Itafi. Enquanto a oposição fala em pré-campanha, o MPLA está já em plena campanha usando de todas as vantagens que lhe confere o controlo absoluto das instituições do Estado.

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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